segunda-feira, 28 de maio de 2012

A Preservação Diesel e Elétrica no Brasil

Locomotiva nº 3136 em Campinas, antes do resgate pela ABPF - Campinas.
Quando a ABPF foi criada, pelo francês Patrick Dollinger, em 1977, tinha o objetivo de restaurar algum trecho fora de operação e colocar para rodar de forma turística as locomotivas a vapor e alguns carros de passageiros recém-desativados da FEPASA e RFFSA. E só, pois na época os trens de passageiros ainda funcionavam e as duas empresas estavam em sua melhor fase, nos anos 1970. As locomotivas à diesel mais antigas em operação ainda eram "novas" e as elétricas tinham grande participação no transporte ferroviário, não haveriam motivos para preservá-las. 
Mas aí o tempo foi passando, e já nos anos 1980 as primeiras locomotivas a diesel e algumas elétricas foram aposentadas, algumas destruídas, como as míticas ALCO PA-2 da Companhia Paulista, ou ainda as lendárias locomotivas elétricas fabricadas pela parceria Baldwin - Westinghouse para a eletrificação da Paulista nos anos 1920. A situação foi piorando ao longo dos anos 1980 e piorou de vez com a privatização das ferrovias, entre 1994 e 1998.
A ABPF já havia passado de uma simples associação para virar uma das maiores do mundo, e não operava só entre Campinas e Jaguariúna, mas também em Cruzeiro, Passa Quatro, São Lourenço, Soledade de Minas, São Paulo, Paranapiacaba, Rifaína, Pedregulho e em algumas cidades do Sul. Não havia mais nenhuma locomotiva a vapor em poder da RFFSA ou das concessionárias que pudessem operar nesses lugares, e restavam poucos carros de passageiros de madeira. A partir de 2001, foram feitos os primeiros movimentos para a preservação de locomotiva a diesel e elétricas, carros de passageiros de aço carbono e de aço inox, automotrizes, e etc.. Foram resgatados para a ABPF - Campinas algumas peças, como a locomotiva Cooper-Bessemer da antiga EF Sorocabana, carro restaurante de aço inox da Série 800, também da EF Sorocabana, a automotirz RDC Budd da antiga Rede Mineira de Viação e Companhia Mogiana, que operou no Trem Turístico de Poços de Caldas, entre outros.
Depois vieram, em 2003, para a ABPF - São Paulo, a V8 nº 6376, uma GE "Quadradinha", nº 6405 (ambas elétricas), e três carros de passageiros de aço carbono do antigo Trem Azul da Companhia Paulista, que foi durante alguns anos o mais luxuoso do mundo; e em 2004 dois carros de aço inox Série 1000, da EF Araraquara. E o acervo foi aumentando, e vem aumentando cada vez mais...
Mas o que me fez fazer esta postagem, é que esse fim de semana foi um "marco" nesse tipo de preservação ferroviária, que não só no Brasil, mas também no mundo, ainda engatinha: nesse sábado (dia 26/05) foi resgatada do pátio da Estação de Campinas a GE 70T da Companhia Mogiana, a primeira e a única que restou do lote de 12 máquinas fabricadas em 1952, e que operou durante quase 60 anos nos serviços de manobras das Oficinas de Campinas, e levada para a ABPF - Campinas. 
Também anteontem, ABPF - Paraná concluiu a restauração de sua locomotiva manobreira, francesa, doada pela Votorantim Cimentos, nº 201. Já foi testada e está pronta para puxar o primeiro trem da regional.
Abaixo, uma lista com todas as locomotivas e carros de passageiros de aço e automotrizes preservados pela ABPF:
Locomotiva Francesa, que foi recentemente restaurada pela ABPF - Paraná.
When ABPF was created by frenchman Patrick Dollinger in 1977, was intended to restore some stretch and put out of operation in order to run tourist steam locomotives and some wooden passenger cars newly disabled by FEPASA and RFFSA. And just because at the time the passenger trains were still running and the two companies were in its prime in the 1970s. The oldest diesel locomotives in service were still "new" and electric tration had great participation in the railways, there would be no reason to preserve them.

But then time passed, and already in 1980 the first diesel locomotives were retired and some electrical, some destroyed, like the mythical ALCO PA-2 of Companhia Paulista, or the legendary electric locomotives manufactured by the partnership Baldwin - Westinghouse for electrification of Companhia Paulista in the 1920s. The situation got worse over the years since 1980 and worsened with the privatization of the railways between 1994 and 1998.
The ABPF had gone from a simple association to become one of the largest in the world, not only operated between Campinas and Jaguariúna, but also in Cruzeiro, Passa Quatro, São Lourenço, Soledade de Minas, São Paulo, Paranapiacaba, Rifaina, Pedregulho andin some cities of the South. There was no steam locomotive power in the RFFSA or utilities that could operate in these places, and there were a few wooden passenger cars. Since 2001, the first moves were made for the preservation of diesel and electric locomotive, passenger car carbon steel and stainless steel, RDCs, and etc. ..Were redeemed for ABPF - Campinas some parts, as the Cooper-Bessemer locomotive of the former EF Sorocabana, stainless steel dining car of the EF Sorocabana 800 Series also the automotirz the old Budd RDC Rede Mineira de Viação and Companhia Mogiana that worked in Poços de Caldas, among others.
Then came, in 2003, for ABPF - Sao Paulo, the V8 No. 6376, a GE "Quadradinha", No. 6405 (both electric), and three passenger cars carbon steel of the old Blue Train of the Companhia Paulista, which was during some years the world's most luxurious train, and in 2004 two cars stainless steel Series 1000, EF Araraquara. And the collection has grown and is growing increasingly ...
But what made me do this post, is that this weekend was a "milestone" in this type of railway preservation, not only in Brazil but also in the world, still in its infancy, this Saturday (26/05) was rescued Patio Station of Campinas GE 70T Mogiana the Company, the first and the only remaining batch of 12 machines manufactured in 1952 and operated for nearly 60 years in service workshops maneuvers of Campinas, and brought to ABPF - Campinas.
Also yesterday, ABPF - Paraná completed the restoration of his locomotive manobreira, French, donated by Votorantim Cement, No. 201. It has been tested and is ready to pull the first train in the regional.
Below is a list of all the locomotives and passenger cars and automotive steel ABPF preserved by:


ABPF - Campinas
Locomotivas Diesel: 
- GE 64T "Cooper-Bessemer", ex-EF Sorocabana, de 1954, nº 3128;
- GE 70T de 1952, ex-Companhia Mogiana, de 1952, nº 3136;
- Oreinstein & Koppel nº 2;
- Brookville, ex-CBA, de 1946, nº 17;
- Brookville, ex-CBA, de 1948, nº 18;
Automotrizes:
- Budd RDC, ex-Companhia Mogiana, de 1952, nº 5002;
Carros de Passageiros Aço Inox:
- Segunda Classe Budd Série 500, ex-EF Sorocabana, de 1952, nº SI 4209;
- Restaurante Budd Série 500, ex-EF Sorocabana, de 1952, nº RI 4210;
- Restaurante Mafersa Série 800, ex-Companhia Mogiana, de 1962, nº RI 4317;
- Dormitório Budd Série 500, ex-Sorocabana, de 1952;
Carros de Passageiros Aço Carbono:
- Administração Mogiana, nº AC 4301;
- Restaurante Sorocabana Série 300 "Ouro Verde", de 1945, nº RC 4449;
- Primeira Classe Companhia Paulista "Chumbinho", de 1930, nº QC 3611;
- Segunda Classe EF Vitória a Minas, do anos 50;
- alguns outros carros ex-RFFSA.

ABPF - Paraná
Locomotivas Diesel:
- Francesa;
Locomotivas Elétrica:
- Metropolitan Vickers B-B, ex-Rede Mineira de Viação, de 1953, nº 905;
Automotrizes
- MAN, de 1928, nº 27.

ABPF - Rio Claro
Carros de Passageiros Aço Inox:
- Salão TV-Bar Mafersa Série 1000, ex-EF Araraquara, de 1960, nº PI 3102.

ABPF - Santa Catarina
Locomotivas Diesel:
- 2 manobreiras, não sei a procedência;
- GE 64T, ex-RVPSC, de 1945;
- GE Cooper-Bessemer, ex-EF Sorocabana.

ABPF - São Paulo
Locomotivas Elétricas:
- GE V8, ex-Companhia Paulista, de 1938, nº 6371;
- GE B-B 100T "Quadradinha", ex-Companhia Paulista, de 1921, nº 6405; 
Carros de Passageiros Aço Inox:
- Primeira Classe Mafersa Série 1000, ex-EF Araraquara, de 1960, nº PI 3253;
- Segunda Classe Mafersa Série 1000, ex-EF Araraquara, de 1960, nº SI 3255;
Carros de Passageiros Aço Carbono:
- Primeira Classe Pullman Standard, ex-Companhia Paulista, de 1950, nº PC 3020;
- Segunda Classe Pullman Standard, ex-Companhia Paulista, de 1950;
- Restaurante Pullman Standard, ex-Companhia Paulista, de 1950, nº RC 3304.

ABPF - Sul de Minas
Locomotivas Diesel:
- GE 15T, ex-EF Leopoldina;
- Oreinstein & Koppel "Alemã";
- Brookville, nº 1;
- Brookville, nº 2;
- CBA s/n.
Automotrizes:
- Bandeirante, ex-EF Bragantina, de 1938;
Carros de Passageiros de Aço Carbono
- 3 Poltronas, ex-RFFSA, anos 50;
- 2 Segunda Classe, ex-EF Vitória a Minas, anos 50.

Locomotiva V8 nº 6376 da ABPF - São Paulo.
A lista está incompleta, é muito difícil encontrar informação sobre algumas peças, mas foi toda que eu consegui juntar.
Espero que continue assim, e em breve teremos mais novidades, possivelmente serão resgatados três carros Série 500 pela CPTM de Bauru e uma locomotiva a diesel da Companhia Paulista em Campinas, talvez uma LEW.
The list is incomplete, it is very difficult to find information on some parts, but it was all I could join.

I hope it stays that way, and soon we will have more news, possibly three cars will be rescued by CPTM 500 Series of Bauru and a diesel locomotive of the Companhia Paulista in Campinas, perhaps a LEW.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O Mistério da Locomotiva nº 18


Mais um mistério ferroviário brasileiro: onde está a locomotiva nº 18? (Texto por João Marcos Jones, do blog Minas's Trains: http://minasstrains.blogspot.com.br):
Another Brazilian railway mystery: where the locomotive is No. 18? (Text by John Marcos Jones from blog Minas's Trains: http://minasstrains.blogspot.com.br):
VFCO 18, em um momento que não estava em uso no pátio de Ribeirão Vermelho, década de 1960.
Consideradas um dos modelos mais clássicos de locomotiva, as máquinas American são uma espécie de-prima do mundo dos trens. Até para os leigos, as 4-4-0 são um modelo mais padrão de locomotiva: definição de trem, nas palavras deles mesmos. Infelizmente, essa fama e ostentação foram a causa para que muitas desaparecessem em muitas ferrovias, inclusive na E.F Oeste de Minas. Lá, as máquinas essa classe, considerada veloz mas fraquinha, começaram a ser desvalorizadas no período da Viação Férrea do Centro-Oeste, ou VFCO, que resolveu investir no mercado de cargas e transporte de minérios para a localidade do Vale do Itaipu, na fronteira do país. Nisso, o transporte de passageiros ficou em segundo plano, e as máquinas American também. A empresa decidiu pensar em uma maneira de se livrar das locomotivas dessa classe, aceitando toda e qualquer oportunidade de vender ou abandonar os equipamentos (vide a locomotiva Nº19, que se encontrava em perfeitas condições operacionais e foi vendida para um parque em Curitiba).

   Anos antes da Nº19 partir, restavam ativas as locomotivas Nº18, Nº19, Nº21 e Nº22, a maioria trabalhando como manobreiras no pátio ou tracionando trens de passageiros na região. E a VFCO não as achou úteis.
Enquanto isso, em Guarulhos, SP, o humorista e empreendedor José Vasconcelos volta dos Estados Unidos e decide criar um mega-parque temático em um terreno na parte externa da cidade, onde as pessoas da localidade paulista pudessem se divertir, e que o mesmo fosse atração nacional. Dentre os projetos e atrações programadas, estava um trem aberto, onde as pessoas pudessem circular pelo parque e ao mesmo tempo passeassem pelas imediações. Para dar um toque de exótico, Vasconcelos quis uma locomotiva "tipo Maria Fumaça", preferencialmente pequena para tracionar a composição dos visitantes do parque. O empresário mandou seus assessores procurarem locomotivas a vapor por todo o Brasil, que subconsequentemente estivessem na ativa. Restaram três opções: As locomotivas da E.F Perus-Pirapora, as locomotivas remanescentes em Ribeirão Vermelho, MG e máquinas oriundas da bitolinha da EFOM. Dessas alternativas, Vasconcelos descartou a EFPP por ser muito pequena. As máquinas da RMV em Ribeirão Vermelho estavam em decadência. Sobra para a Oeste de Minas. Os dirigentes da VFCO, a princípio, não quiseram fornecer as máquinas, mas depois de um acordo chegaram á três locomotivas: As Nº16, 18 e 19. A Nº16 não passou no teste já que se encontrava em mau estado na fila de morte; e quanto á Nº19, seu maquinista não quis se desfazer dela no início, mas acabou sendo vendida para Vasconcelos também. Então, a Nº18 embarcou no caminhão e foi despachada para São Paulo.
Em Guarulhos, a locomotiva foi colocada para trabalhar em uma pequena malha de trilhos que cruzava as principais áreas do parque, andando em baixa velocidade puxando vagões abertos para que os turistas pudessem se agarrar neles e pegar o trem "de brinquedo" quando o mesmo estivesse em movimento. Mas é do conhecimento de muita gente, principalmente dos paulistanos, que o projeto de José Vasconcelos da "Disney Brasileira" foi um fracasso. Não vingou. Com falta de investimentos, o parque temático foi á falência e seus bens materiais deixados no enorme terreno de 1 milhão de metros quadrados. Ficaram assim desde a década de 1970, a portas fechadas, por quase 20 anos, quando a empresa de gêneros alimentícios PANCO  Inc. decidiu anexar o terreno ás instalações de sua fábrica na cidade. Muitas coisas utilizadas no parque, como carrosséis, playgrounds e outros brinquedos provavelmente ainda se encontram lá, trancados em galpões no terreno. Quando o parque fechou, a locomotiva Nº19 foi comprada pela Prefeitura de Curitiba. Não se sabe se a locomotiva Nº18 está no meio dos produtos abandonados, porque as informações sobre o próprio parque são esparsas e o local não é aberto á visitação da imprensa ou de pesquisadores. O estado da locomotiva Nº18 permanece em mistério.
Considered one of the most classic models of locomotive, the American machines are a kind of material in the world of trains. Even for the laity, the 4-4-0 is a more standard locomotive: definition of the train, in the words themselves. Unfortunately, this fame and ostentation were the cause for many to disappear in many railroads, including the Oeste de Minas Railway. There, the machines that class, considered fast but feeble, began to be devalued during the railroad in the Midwest, or VFCO, who decided to invest in the market for cargo and transport of ore to the location of Valley Itaipu on the border the country. Herein, the transport of passengers remained in the background, and theAmerican machines as well. The company decided to think of a way to get rid of locomotives of this class, accepting every opportunity to sell or abandon the equipment (see the locomotive No. 19, which was in perfect operating condition and was sold to a park in Curitiba).
Years before the No. 19 from, remained active locomotive No. 18, No. 19, No. 21 andNo. 22, most working as manobreiras in the yard or pulling passenger trains in the region. And the VFCO not found useful.
eanwhile, in Guarulhos, SP, comedian and entrepreneur José Vasconcelos aroundthe U.S. and decides to create a mega-theme park in an area on the outside of the city,where people of the city of São Paulo could be entertained, and that it be nationalattraction. Among the planned projects and attractions, the train was open, where people can circulate through the park and wander while the surroundings. To give atouch of exotic, Vasconcelos wanted a locomotive "type Smokey Mary", preferably smallto pull the composition of park visitors. The businessman told his advisers seek steam locomotives throughout Brazil, which subconsequentemente were active. Remainingthree options: Locomotives EF-Pirapora Turkeys, locomotives remaining in RibeirãoVermelho, MG and machinery coming from the bitolinha EFOM. Of these alternatives,Vasconcelos EFPP ruled out for being too small. The RMV machines in RibeirãoVermelho were in decay. Left for the Oeste de Minas. The leaders of VFCO at first declined to provide the machines, but after an agreement reached will be three locomotives: TheNo. 16, 18 and 19. The No. 16 has not passed since it was in poor condition on death row, and as to the number 19, your driver does not want to get rid of it at first, buteventually sold to Vasconcelos also. Then No. 18 boarded the truck and was dispatchedto Sao Paulo.
n Guarulhos, the locomotive was put to work in a small network of trails that crossed the main areas of the park, walking at low speed pulling open wagons so that tourists couldcling to them and take the train "toy" when it was moving. But it is known by many people, especially of São Paulo, the project of José Vasconcelos' Brazilian Disney"was a failure. Did not work. With a lack of investment, the theme park went to the bankruptcy and left their possessions in the huge field of 1 million square meters. They stayed that way since the 1970s, behind closed doors for nearly 20 years, when thecompany foodstuffs PANCO Inc. Ace decided to annex the land of his factory premisesin the city. Many things used in the park, such as carousels, playgrounds and other toysare probably still there, locked in sheds on the ground. When the park closed, the locomotive No. 19 was bought by the city of Curitiba. It is not known if the locomotive isNo. 18 among the products abandoned, because the information about the park itself is sparse and the site will not open the press or by visiting researchers. The state of locomotive No. 18 remains a mystery.

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