Locomotiva nº 3136 em Campinas, antes do resgate pela ABPF - Campinas.
Quando a ABPF foi criada, pelo francês Patrick Dollinger, em 1977, tinha o objetivo de restaurar algum trecho fora de operação e colocar para rodar de forma turística as locomotivas a vapor e alguns carros de passageiros recém-desativados da FEPASA e RFFSA. E só, pois na época os trens de passageiros ainda funcionavam e as duas empresas estavam em sua melhor fase, nos anos 1970. As locomotivas à diesel mais antigas em operação ainda eram "novas" e as elétricas tinham grande participação no transporte ferroviário, não haveriam motivos para preservá-las.
Mas aí o tempo foi passando, e já nos anos 1980 as primeiras locomotivas a diesel e algumas elétricas foram aposentadas, algumas destruídas, como as míticas ALCO PA-2 da Companhia Paulista, ou ainda as lendárias locomotivas elétricas fabricadas pela parceria Baldwin - Westinghouse para a eletrificação da Paulista nos anos 1920. A situação foi piorando ao longo dos anos 1980 e piorou de vez com a privatização das ferrovias, entre 1994 e 1998.
A ABPF já havia passado de uma simples associação para virar uma das maiores do mundo, e não operava só entre Campinas e Jaguariúna, mas também em Cruzeiro, Passa Quatro, São Lourenço, Soledade de Minas, São Paulo, Paranapiacaba, Rifaína, Pedregulho e em algumas cidades do Sul. Não havia mais nenhuma locomotiva a vapor em poder da RFFSA ou das concessionárias que pudessem operar nesses lugares, e restavam poucos carros de passageiros de madeira. A partir de 2001, foram feitos os primeiros movimentos para a preservação de locomotiva a diesel e elétricas, carros de passageiros de aço carbono e de aço inox, automotrizes, e etc.. Foram resgatados para a ABPF - Campinas algumas peças, como a locomotiva Cooper-Bessemer da antiga EF Sorocabana, carro restaurante de aço inox da Série 800, também da EF Sorocabana, a automotirz RDC Budd da antiga Rede Mineira de Viação e Companhia Mogiana, que operou no Trem Turístico de Poços de Caldas, entre outros.
Depois vieram, em 2003, para a ABPF - São Paulo, a V8 nº 6376, uma GE "Quadradinha", nº 6405 (ambas elétricas), e três carros de passageiros de aço carbono do antigo Trem Azul da Companhia Paulista, que foi durante alguns anos o mais luxuoso do mundo; e em 2004 dois carros de aço inox Série 1000, da EF Araraquara. E o acervo foi aumentando, e vem aumentando cada vez mais...
Mas o que me fez fazer esta postagem, é que esse fim de semana foi um "marco" nesse tipo de preservação ferroviária, que não só no Brasil, mas também no mundo, ainda engatinha: nesse sábado (dia 26/05) foi resgatada do pátio da Estação de Campinas a GE 70T da Companhia Mogiana, a primeira e a única que restou do lote de 12 máquinas fabricadas em 1952, e que operou durante quase 60 anos nos serviços de manobras das Oficinas de Campinas, e levada para a ABPF - Campinas.
Também anteontem, ABPF - Paraná concluiu a restauração de sua locomotiva manobreira, francesa, doada pela Votorantim Cimentos, nº 201. Já foi testada e está pronta para puxar o primeiro trem da regional.
Abaixo, uma lista com todas as locomotivas e carros de passageiros de aço e automotrizes preservados pela ABPF:
Locomotiva Francesa, que foi recentemente restaurada pela ABPF - Paraná.
When ABPF was created by frenchman Patrick Dollinger in 1977, was intended to restore some stretch and put out of operation in order to run tourist steam locomotives and some wooden passenger cars newly disabled by FEPASA and RFFSA. And just because at the time the passenger trains were still running and the two companies were in its prime in the 1970s. The oldest diesel locomotives in service were still "new" and electric tration had great participation in the railways, there would be no reason to preserve them.
But then time passed, and already in 1980 the first diesel locomotives were retired and some electrical, some destroyed, like the mythical ALCO PA-2 of Companhia Paulista, or the legendary electric locomotives manufactured by the partnership Baldwin - Westinghouse for electrification of Companhia Paulista in the 1920s. The situation got worse over the years since 1980 and worsened with the privatization of the railways between 1994 and 1998.
The ABPF had gone from a simple association to become one of the largest in the world, not only operated between Campinas and Jaguariúna, but also in Cruzeiro, Passa Quatro, São Lourenço, Soledade de Minas, São Paulo, Paranapiacaba, Rifaina, Pedregulho andin some cities of the South. There was no steam locomotive power in the RFFSA or utilities that could operate in these places, and there were a few wooden passenger cars. Since 2001, the first moves were made for the preservation of diesel and electric locomotive, passenger car carbon steel and stainless steel, RDCs, and etc. ..Were redeemed for ABPF - Campinas some parts, as the Cooper-Bessemer locomotive of the former EF Sorocabana, stainless steel dining car of the EF Sorocabana 800 Series also the automotirz the old Budd RDC Rede Mineira de Viação and Companhia Mogiana that worked in Poços de Caldas, among others.
Then came, in 2003, for ABPF - Sao Paulo, the V8 No. 6376, a GE "Quadradinha", No. 6405 (both electric), and three passenger cars carbon steel of the old Blue Train of the Companhia Paulista, which was during some years the world's most luxurious train, and in 2004 two cars stainless steel Series 1000, EF Araraquara. And the collection has grown and is growing increasingly ...
But what made me do this post, is that this weekend was a "milestone" in this type of railway preservation, not only in Brazil but also in the world, still in its infancy, this Saturday (26/05) was rescued Patio Station of Campinas GE 70T Mogiana the Company, the first and the only remaining batch of 12 machines manufactured in 1952 and operated for nearly 60 years in service workshops maneuvers of Campinas, and brought to ABPF - Campinas.
Also yesterday, ABPF - Paraná completed the restoration of his locomotive manobreira, French, donated by Votorantim Cement, No. 201. It has been tested and is ready to pull the first train in the regional.
Below is a list of all the locomotives and passenger cars and automotive steel ABPF preserved by:
ABPF - Campinas
Locomotivas Diesel:
- GE 64T "Cooper-Bessemer", ex-EF Sorocabana, de 1954, nº 3128;
- GE 70T de 1952, ex-Companhia Mogiana, de 1952, nº 3136;
- Oreinstein & Koppel nº 2;
- Brookville, ex-CBA, de 1946, nº 17;
- Brookville, ex-CBA, de 1948, nº 18;
Automotrizes:
- Budd RDC, ex-Companhia Mogiana, de 1952, nº 5002;
Carros de Passageiros Aço Inox:
- Segunda Classe Budd Série 500, ex-EF Sorocabana, de 1952, nº SI 4209;
- Restaurante Budd Série 500, ex-EF Sorocabana, de 1952, nº RI 4210;
- Restaurante Mafersa Série 800, ex-Companhia Mogiana, de 1962, nº RI 4317;
- Dormitório Budd Série 500, ex-Sorocabana, de 1952;
Carros de Passageiros Aço Carbono:
- Administração Mogiana, nº AC 4301;
- Restaurante Sorocabana Série 300 "Ouro Verde", de 1945, nº RC 4449;
- Primeira Classe Companhia Paulista "Chumbinho", de 1930, nº QC 3611;
- Segunda Classe EF Vitória a Minas, do anos 50;
- alguns outros carros ex-RFFSA.
ABPF - Paraná
Locomotivas Diesel:
- Francesa;
Locomotivas Elétrica:
- Metropolitan Vickers B-B, ex-Rede Mineira de Viação, de 1953, nº 905;
Automotrizes
- MAN, de 1928, nº 27.
ABPF - Rio Claro
Carros de Passageiros Aço Inox:
- Salão TV-Bar Mafersa Série 1000, ex-EF Araraquara, de 1960, nº PI 3102.
ABPF - Santa Catarina
Locomotivas Diesel:
- 2 manobreiras, não sei a procedência;
- GE 64T, ex-RVPSC, de 1945;
- GE Cooper-Bessemer, ex-EF Sorocabana.
ABPF - São Paulo
Locomotivas Elétricas:
- GE V8, ex-Companhia Paulista, de 1938, nº 6371;
- GE B-B 100T "Quadradinha", ex-Companhia Paulista, de 1921, nº 6405;
Carros de Passageiros Aço Inox:
- Primeira Classe Mafersa Série 1000, ex-EF Araraquara, de 1960, nº PI 3253;
- Segunda Classe Mafersa Série 1000, ex-EF Araraquara, de 1960, nº SI 3255;
Carros de Passageiros Aço Carbono:
- Primeira Classe Pullman Standard, ex-Companhia Paulista, de 1950, nº PC 3020;
- Segunda Classe Pullman Standard, ex-Companhia Paulista, de 1950;
- Restaurante Pullman Standard, ex-Companhia Paulista, de 1950, nº RC 3304.
ABPF - Sul de Minas
Locomotivas Diesel:
- GE 15T, ex-EF Leopoldina;
- Oreinstein & Koppel "Alemã";
- Brookville, nº 1;
- Brookville, nº 2;
- CBA s/n.
Automotrizes:
- Bandeirante, ex-EF Bragantina, de 1938;
Carros de Passageiros de Aço Carbono
- 3 Poltronas, ex-RFFSA, anos 50;
- 2 Segunda Classe, ex-EF Vitória a Minas, anos 50.
Locomotiva V8 nº 6376 da ABPF - São Paulo.
A lista está incompleta, é muito difícil encontrar informação sobre algumas peças, mas foi toda que eu consegui juntar.
Espero que continue assim, e em breve teremos mais novidades, possivelmente serão resgatados três carros Série 500 pela CPTM de Bauru e uma locomotiva a diesel da Companhia Paulista em Campinas, talvez uma LEW.
The list is incomplete, it is very difficult to find information on some parts, but it was all I could join.
I hope it stays that way, and soon we will have more news, possibly three cars will be rescued by CPTM 500 Series of Bauru and a diesel locomotive of the Companhia Paulista in Campinas, perhaps a LEW.
Além dessa V8 da ABPF - SP, alguém se mexeu para salvar mais alguma máquina do tipo?
ResponderExcluirEm Bauru há uma associação que possui uma V8, uma Russa e alguns carros de passageiros, acho. Só que as coisas estão meio "enroladas", até há um tempo atrás a CPTM tentou levar uns carros deles para o Expresso Turístico, mas não conseguiu.
ExcluirAlém dessa, há várias outras V8 "preservadas" em Jundiaí. Preservadas entre aspas, porque estão em péssimo estado, junto com outras locomotivas quase centenárias (de 1921, 1922, 1924, etc), e a primeira locomotiva da CP, de 1870. As que estão em melhor estado estão dentro das oficinas, mas o teto ameaça cair, deixando para trás 140 anos de história.
Amigo, o carro Salão-Bar da ABPF Rio Claro é o PI-3102. Muito bom o trabalho que você está fazendo na listagem das peças "novas" que a associação tem salvo em todo o país (novas quer dizer justamente locomotivas diesel, elétricas, carros de aço e inóx). Um grande abraço.
ResponderExcluirJá corrigi, aliás, o PI 3205 está com a ALL não?
ExcluirEu acho que daqui a alguns anos, o Museu de Rio Claro vai ser referência nesse tipo de preservação. Abraço.
Agora que vc citou, não lembro de ter visto o 3105 nas listas de material rodante da ALL, nem o 3101, se nós soubermos de algo informaremos (peço que faça o mesmo, se alguém souber de algo e falar a respeito). Obrigado pela correção efetuada. Abraço.
ExcluirEssa locomotiva V8 está rodando?
ResponderExcluirOu só foi reformada a lataria dela?