Antes, Taipas (Jaraguá), década de 1930 e... |
... depois, Paranapiacaba em 2011. |
Quando ouvimos falar hoje de TAV, pensamos que a velocidade nos trens é coisa nova. Mas não é. Quando em 1870 uma locomotiva a vapor chegou aos 103 km/h, e dez anos depois aos 150 km/h, ficou provado que a velocidade nos trens era vantajosa, ao contrário de antes, quando andavam lentos, em parte pela pressão popular, em parte pelo desenvolvimento tecnológico da época.
E a tração a diesel? Na virada do século XIX para o XX, era utopia pensar em locomotivas diesel. Os primeiros automóveis eram caros, e o dirigivel era algo incrível demais, afinal um balão com motor a gasolina era algo temerário. Seu uso era subestimado pelo vapor. Mesmo assim, muitos insistiram no seu uso (Santos Dumont foi um desses, e conseguiu voar). Nas ferrovias, surgiam as primeiras locomotivas a vapor movidas em parte por carvão ou lenha, parte por diesel.
Na década de 1920, ainda patinava o uso de locomotivas a diesel no mundo, quando a empresa Armstrong da Inglaterra começou a produzir o primeiro trem articulado a diesel. Era algo revolucionário na época, trens movidos a diesel, com truques articulados e com cinco carros, além que o peso era três vezes menor que um trem convencional. Na Inglaterra, várias unidades foram vendidas, e algumas exportadas para as ferrovias inglesas no mundo inteiro.
A então SPR, São Paulo Railway, que comandava o monopólio da Santos-Jundiaí para transporte ferroviário de cargas do interior para o porto, resolveu comprar uma unidade experimental, munida de um carro motor, três carros articulados e mais um para acoplar a outros comuns. Batizado cometa, realizou seus testes iniciais entre São Paulo (Luz) e Jundiaí.
No mesmo ano, fizeram o teste na serra, onde o impossível ocorreu. Pela primeira vez, um trem conseguiu subir o trecho de Raiz da Serra a Paranapiacaba a 100 km/h sem o uso do funicular. Nos testes seguintes, foi para 120, 130, 140, 145, 150 km/h na serra, e quase 165 no planalto. Em fins dos anos 1920, inaugurava-se o serviço expresso da SPR, com o cometa. Um ano depois, chegavam mais dois trens: o Estrela e o Planeta, que eram a mesma coisa que o Cometa, mas tinham aerodinâmica melhor que este.
Durante mais de 40 anos os três trens realizaram os serviços entre Santos e São Paulo, acoplando-se mais carros normais no trem, ou mexendo entre as composições, ou livres de peso. Por serem silenciosos perto do trem a vapor, e serem rápidos, muitos funcionários do pátio nevoento de Paranapiacaba morreram atropelados pelo "Fantasma da Morte", como ficaram conhecidos no local. Tiveram papel importante em 1932 na Revolução Constitucionalista e em 1943, na II Grande Guerra Mundial, levando tropas, refugiados, feridos.
Em 1948, com o fim da concessão inglesa na ferrovia, foi criada a Estrada de Ferro Santos Jundiaí.
Finalmente, em 1960, por falta de peças e por velhice, o último dos três trens espaciais da SPR se aposentou...
Até hoje, é possível ver os restos desses trens, que foram os avôs dos TAVs de hoje. Dois carros do cometa, um do Estrela e o carro motor do Planeta jazem abandonados em Paranapiacaba, como o fantasma do passado glorioso deles. Sem conservação, ameaçam sumir logo, na ferrugem. Logo eles, que são os únicos que ainda existem no mundo. Muito se falou em reforma-los, até a Inglaterra queria eles para tal, mas nada saiu da papel.
Quem sabe, quando sair, seja tarde demais. A preservação desses carros é urgente, e eu espero sinceramente que a prefeitura de Santo André, ABPF, governo estadural, governo federal e o governo inglês consigam reformar o velho Cometa.
E a tração a diesel? Na virada do século XIX para o XX, era utopia pensar em locomotivas diesel. Os primeiros automóveis eram caros, e o dirigivel era algo incrível demais, afinal um balão com motor a gasolina era algo temerário. Seu uso era subestimado pelo vapor. Mesmo assim, muitos insistiram no seu uso (Santos Dumont foi um desses, e conseguiu voar). Nas ferrovias, surgiam as primeiras locomotivas a vapor movidas em parte por carvão ou lenha, parte por diesel.
Na década de 1920, ainda patinava o uso de locomotivas a diesel no mundo, quando a empresa Armstrong da Inglaterra começou a produzir o primeiro trem articulado a diesel. Era algo revolucionário na época, trens movidos a diesel, com truques articulados e com cinco carros, além que o peso era três vezes menor que um trem convencional. Na Inglaterra, várias unidades foram vendidas, e algumas exportadas para as ferrovias inglesas no mundo inteiro.
A então SPR, São Paulo Railway, que comandava o monopólio da Santos-Jundiaí para transporte ferroviário de cargas do interior para o porto, resolveu comprar uma unidade experimental, munida de um carro motor, três carros articulados e mais um para acoplar a outros comuns. Batizado cometa, realizou seus testes iniciais entre São Paulo (Luz) e Jundiaí.
No mesmo ano, fizeram o teste na serra, onde o impossível ocorreu. Pela primeira vez, um trem conseguiu subir o trecho de Raiz da Serra a Paranapiacaba a 100 km/h sem o uso do funicular. Nos testes seguintes, foi para 120, 130, 140, 145, 150 km/h na serra, e quase 165 no planalto. Em fins dos anos 1920, inaugurava-se o serviço expresso da SPR, com o cometa. Um ano depois, chegavam mais dois trens: o Estrela e o Planeta, que eram a mesma coisa que o Cometa, mas tinham aerodinâmica melhor que este.
Durante mais de 40 anos os três trens realizaram os serviços entre Santos e São Paulo, acoplando-se mais carros normais no trem, ou mexendo entre as composições, ou livres de peso. Por serem silenciosos perto do trem a vapor, e serem rápidos, muitos funcionários do pátio nevoento de Paranapiacaba morreram atropelados pelo "Fantasma da Morte", como ficaram conhecidos no local. Tiveram papel importante em 1932 na Revolução Constitucionalista e em 1943, na II Grande Guerra Mundial, levando tropas, refugiados, feridos.
Em 1948, com o fim da concessão inglesa na ferrovia, foi criada a Estrada de Ferro Santos Jundiaí.
Finalmente, em 1960, por falta de peças e por velhice, o último dos três trens espaciais da SPR se aposentou...
Até hoje, é possível ver os restos desses trens, que foram os avôs dos TAVs de hoje. Dois carros do cometa, um do Estrela e o carro motor do Planeta jazem abandonados em Paranapiacaba, como o fantasma do passado glorioso deles. Sem conservação, ameaçam sumir logo, na ferrugem. Logo eles, que são os únicos que ainda existem no mundo. Muito se falou em reforma-los, até a Inglaterra queria eles para tal, mas nada saiu da papel.
Quem sabe, quando sair, seja tarde demais. A preservação desses carros é urgente, e eu espero sinceramente que a prefeitura de Santo André, ABPF, governo estadural, governo federal e o governo inglês consigam reformar o velho Cometa.
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