quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A estranha locomotiva EFPP Nº9


A locomotiva EFPP nº10, parecida com a nº9.

Uma das locomotivas que sempre me chamaram a atenção no parque de tração da Cia. Brasileira de Cimento Portland Perus é a locomotiva número 9. Ela iniciou sua carreira na Companhia Paulista de Estradas de Ferro, no trecho de bitola de 60 cm. entre Porto Ferreira e Santa Rita do Passa Quatro. Foi fabricada pela Linke-Hoffmann na cidade de Breslau, Alemanha, em 1927. Uma locomotiva que podia ser considerada jovem, já que as outras desse ramal eram do início do século XX.
Junto com ela veio outra locomotiva idêntica, e foram numeradas como 920 e 921 na CP. Curiosamente, sua irmã vagou por diversas ferrovias e hoje opera em Taubaté, num parque temático, com a bitola alargada para 1,00 m. Os números de série eram 3084 e 3085, como se confirma pela foto da placa da 921 mais abaixo. A rodagem era 2-6-2T.
Era uma locomotiva de porte bastante grande e bem alta, para uma bitola estreita como 60 cm. Além disso era “inside-frame”, ou seja, os longerões eram internos às rodas. No fim da década de 50, com a erradicação dos ramais de 60 cm. pela Cia. Paulista, a 920, foi adquirida pela CBCPP, junto com duas Baldwin nos. 910 e 911, que as renumerou como 9, 14 e 10, respectivamente.
Nunca vi uma foto dessa locomotiva quando em operações na CBCPP. As únicas fotos de que disponho a mostram de forma parcial, com uma vista da cabina e uma de frente. Pouco se pode observar da locomotiva, pois as fotos foram feitas por pessoas que certamente não estavam interessadas nela, já que eram pescadores e estavam voltando de bem sucedida empreitada nas lagoas do então piscoso rio Juqueri, no local denominado Entroncamento.
Como se pode comprovar por estas fotos, ela sofreu algumas modificações na CBCPP, além de ser transformada para queima de óleo: seus tanques laterais foram removidos e foi-lhe acrescentado um tender, com modificação na parte posterior da cabine.
Uma modificação bastante significativa também foi feita em seu eixo portante, pois o eixo original era bastante frágil, pelo menos a julgar pelas fotos originais. Essa mudança deve ter tido um motivo bastante forte: insegurança. Como se pode ver na última foto abaixo, ela inclinava terrivelmente nas curvas, devido ao centro de gravidade muito alto. A consequencia era o sulco produzido pela ultima roda motriz no longerão... não deveria ser muito seguro conduzi-la nas fechadas curvas da EFPP.
Pelas nossas pesquisas, ela operou até 1968. A história que se conta é que os maquinistas e foguistas atemiam, e a “solução” encontrada teria sido deixar queimar a caldeira... Algumas versões passadas a pesquisadores dizem que ela teria sofrido uma colisão frontal, o que não se confirma, pois tudo está em ordem nas partes frontais da locomotiva.
Seus restos ainda estão em Cajamar, no ramal conhecido como “fila da morte”, e apesar de dilapidada é um exemplar importante na variada coletânea de locomotivas da EFPP.

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