segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Começo do Fim... e O Fim do Começo - Parte II

Mais uma parte da história do Rio de Janeiro foi apagada. No dia 02 desse mês, foi iniciada a demolição da Estação Francisco Sá, na região conhecida como Complexo Ferroviário de Barão de Mauá, no bairro de Praia Formosa. Quase 1 mês depois da demolição do que restava das oficinas e do pátio de Alfredo Maia e o fechamento do acesso ferroviário para Barão de Mauá e Praia Formosa, a estação inicial da Estrada de Ferro Rio D'Ouro também teve seu destino decidido. Abaixo, a história da Estação Francisco Sá e fotos da sua demolição:


Histórico da Estação


Embarque em Francisco Sá, 1934
A Estrada de Ferro Rio de Ouro foi aberta em 1883, partindo da Quinta do Caju, até a represa onde era captada água para o abastecimento do Rio de Janeiro. O ponto inicial da ferrovia, no Caju, era muito longe do centro da cidade, havia dificuldade do acesso dos passageiros para a linha, que passava por muitos bairros distantes e populosos. Além disso, o trecho inicial da linha tronco era muito sinuoso, e se cruzava com a EF Leopoldina em "x" na então Estação Benfica. Também havia dificuldades no tráfego com a EF Melhoramentos (depois Linha Auxiliar), já que as duas se encontravam em diversas ocasiões: em Benfica, próximo ao cruzamento com a Leopoldina; na Estação Liberdade (hoje Del Castilho); e em Thomáz Coelho. Também corriam muito próximas nas proximidades de Pilares, e o Ramal de Engenho de Dentro da Rio de Ouro também cruzava a Melhoramentos, na Estação Henrique Scheid.
Para acabar com esses problemas, a EF Rio de Ouro decidiu construir uma nova linha, a partir da Estação Thomáz Coelho, que em Del Castilho passava a correr paralela a EF Melhoramentos. Também acompanhava a EF Leopoldina e a EF Central do Brasil na região da Mangueira. O ponto terminal para a nova linha, que a partir dali seria o novo ponto inicial da ferrovia, foi escolhido o bairro de Praia Formosa, perto da Estação Alfredo Maia, ponto final da Melhoramentos, e a Estação Praia Formosa, final da Leopoldina.
Em 1922, era inaugurada a Estação Francisco Sá, batizada com esse nome em homenagem ao então Ministro de Viação e Obras Públicas do governo de Arthur Bernardes. Foi construída com duas vias, plataforma central e um edifício com dois andares, além de duas casas para os funcionários e um pátio com 4 linhas, sendo uma para abastecimento das locomotivas a vapor. Veja abaixo, o desenho da estação, em 1922:
The Rio de Ouro Railway was opened in 1883, starting from Quinta do Caju to the dam where he was captured for the water supply of Rio de Janeiro. The starting point of the railroad in Caju, was far from the city center, there was difficulty of access ofpassengers to the line, passing by many distant and populous districts. Moreover, the opening words of the trunk was very winding, and crossed with Leopoldina Railway in "x" in the then Benfica Station. There were also difficulties of the traffic with Melhoramentos Railway (after renamed to Auxiliary Line), since the two met on several occasions: in Benfica, near the intersection with the Leopoldina; Liberdade Station (now Del Castilho), and Thomáz Coelho.It also ran very close near the Pilares, and the Engenho de Dentro Line of Rio de Ouro also crossed the Melhoramentos in Henrique Scheid Station.
To end these problems, the Rio de Ouro Railway decided to build a new line from the Thomáz Coelho, who went to Del Castilho to run parallel to Melhoramentos Railway. Also accompanying the Leopoldina Railway and Central do Brasil Railway in region of the Mangueira. The terminal point for the new line, that going to be the new starting point of the railroad, was named the district of Praia Formosa, near the Alfredo Maia Station, the end point of Melhoramentos, and Praia Formosa Station, the end of the Leopoldina.
In 1922, the station was inaugurated Francisco , baptized with that name in honor of the then Minister for Roads and Public Works of Arthur Bernardes government. It was built with two lines, central platform and a building with two floors, and two houses for staff and a courtyard with four rows, one for supply of steam locomotives. Below, the design of the station in 1922:

A estação, em vermelho: plataforma central única, com duas linhas, duas casas para funcionários, pátio com 3 linhas, e linha para abastecimento de locomotivas a vapor, a última abaixo.
A melhoria dos serviços prestados pela EF Rio de Ouro após a abertura da estação foram muitos: além de facilitar o acesso, acabar com os cruzamentos com outras ferrovias, o embarque em Francisco Sá era mais seguro que em Quinta do Caju, pois as plataformas eram mais altas, largas e compridas. Além disso, o pátio de apoio permitia a formação de composições, e a linha exclusiva para reabastecimento acelerava as saídas dos trens. O número de passageiros também cresceu rapidamente: em 1921, antes da inauguração da estação, a ferrovia transportou 306.300 passageiros no ano; em 1926, esse número foi para 1.602.500. 
Em 1928, a EF Rio de Ouro foi adquirida pela EF Central do Brasil, e em 1930, a Central eletrifica um trecho de sua linha tronco nos subúrbios, dando inicio a eletrificação no Rio de Janeiro. Durante a década de 1940, a Linha Auxiliar (antiga Melhoramentos, também da Central) foi eletrificada, só que seu ponto final, na Estação Alfredo Maia, era pequeno demais para os trens unidade elétricos. Então, a Estação Francisco Sá é ampliada, sendo construídas mais 4 plataformas, com uma linha cada, além de mais dois prédios de apoio e um grande prédio para as bilheterias e armazém:
The improvement of services provided by Rio de Ouro Railway after opening the station weremany: in addition to facilitating access, eliminate the crossings with other railroadsboarding in the Francisco Sá was safer than in Quinta do Caju, since the platforms were higher, broad and long. Furthermore, the support yard allowed the formation of compositions, exclusive line for refilling and accelerating the outputs of the trains. Passenger numbers also grew rapidly: in 1921, before the inauguration of the station, the railway carried 306,300 passengers in the year, in 1926, that figure rose to 1,602,500.
In 1928, EF River Gold was acquired by EF Central do Brazil, and in 1930, the Central electrifies an excerpt from your trunk in the suburbs, giving early electrification in Rio de Janeiro. During the 1940s, the Auxiliary Line (formerly Improvements, also from Central) was electrified, except that its end point, the station Alfredo Maia, was too small forelectric drive trains. So the station is magnified Francisco , being built over fourplatforms, with one line each, plus two support buildings and a large building to the box office and warehouse:
A parte nova da estação, em azul: 4 plataformas com 1 linha cada, prédio para bilheterias e armazém, e dois prédios de apoio.
Os trens da Linha Auxiliar passaram a sair da estação, junto com os da EF Rio de Ouro. Mas, o fim estava próximo: no começo de 1970, foi inaugurado um viaduto, que permitiu com que os trens da Auxiliar partissem de Dom Pedro II, da Central; também nesse mesmo ano, a EF Rio de Ouro foi fechada, ficando assim abandonada a parte mais antiga da estação, de 1922, junto com seu pátio. Alguns trens, em horários especiais, da Linha Auxiliar, continuaram saindo de Francisco Sá, até 1975, quando o último trem partiu da estação. 
De lá para cá, nunca mais foi usada, permanecendo abandonada até Maio/2012, quando de um dia para o outro começaram a demolir a estação, sendo que a parte "nova", de 1940, foi completamente arrasada em 3 dias! Será demolida toda a estação, com exceção dos prédios de 1922, que são tombados pelo Patrimônio Histórico. 
Auxiliary Line trains began to leave the station, along with the Rio de Ouro Railway. But the end was near: in early 1970, a viaduct was opened, allowing the trains to depart from the Auxiliary to Dom Pedro II, of Central; also in the same year, the Rio de Ouro Railway was closed, thus abandoned the oldest part of the station, 1922, with its courtyard. Some trains on special schedules, of Auxiliary Line, leaving Francisco  continued until 1975, when the last train left the station.
Since then, he was never used and remained abandoned until May/2012 when anovernight began to demolish the station, and that the "new", 1940, was completely razedin 3 days! Will be torn down all station, except for the buildings in 1922, which are listed by Heritage.

A Demolição

Acompanhe, abaixo, as fotos da demolição, tiradas pelo forista Vinicius, do SSC:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Fotos antigas do site Estações Ferroviárias;
Fotos da demolição, Vinicius, do SSC

5 comentários:

  1. Thales,
    O que vai ser construido no local onde ocorre a demolição?
    Leonardo Ivo
    www.fatosgerais.com

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    1. Então, não ficou muito claro o motivo. Alfredo Maia foi demolida para servir de canteiro para as obras da Linha 4 do Metrô, Francisco Sá pode ter alguma coisa relacionada com isso. Também há a possibilidade de ser construído um pátio para a Supervia para estacionamento de trens, ou ainda a construção de um terminal de ônibus, como mostra um projeto de 10 anos atrás. Abraço.

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  2. É uma pena saber que uma estação está sendo destruída... Eles poderiam ter utilizado o prédio original no projeto, fazendo construções ao lado para melhorar... Algo do tipo... Bom, o que realmente importa é que a ferrovia está intacta. Uma estação demolida não faz diferença, enquanto um metro de ferrovia faz muita diferença.

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    1. Pior que não está; a Estrada de Ferro Rio de Ouro fechou em 1970, e depois, boa parte da linha (a mais movimentada, de São Cristóvão até Pavuna) foi usada na construção do Pré-Metrô, atualmente Linha 2 do Metrô, nos anos 80 e 90. De Pavuna até Belford Roxo, continua uma linha de trens da Supervia. De lá para frente, está tudo abandonado, só restaram as Estações de Cava, Rio do Ouro, Jaceruba, Tinguá e Represa, todas abandonadas, com exceção de Rio e Ouro e Represa. De resto, tudo que lembra a ferrovia foi destruído; quando a fecharam, nos anos 70, haviam diversas locomotivas a vapor, ainda operando (a linha era exclusivamente a vapor), todas foram maçaricadas, não sobrou nenhuma. Essas estações que sobraram ficam muito longe do centro do Rio, em pequenas vilas. Francisco Sá era a última estação intacta dentro do Rio de Janeiro.

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  3. vamos ver no que vai dar, é um espaço vailoso no centro principalmente se forem levados a sério os planos de integração operacional entr o metro e os trens de subúrbio.

    Terrível o aterro feito sobre o acesso a barão de mauá, que acaba com as chances do projeto do trem imperial e do museu ferroviário dinãmico naquela estação.

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